13/08/2018

Resenha de "Rise Of A New Strike" no blog 'A Música Continua a Mesma'.

Obstante todas as dificuldades que são inerentes a se fazer música pesada no Brasil, o nosso underground continua produzindo boas bandas dentro de todos os estilos do Metal. Ainda sim, não dá para negar uma queda pelos estilos mais extremos, e aqui temos mais um ótimo exemplo disso. Surgido em 2009 na cidade de Recife/PE, o Pandemmy lançou uma Demo e dois EP’s antes de chegar em seu debut, Reflections & Rebellions, no ano de 2013. Nele, era nítido que estávamos diante de um promissor nome do Death/Thrash nacional, bastando um pouco mais de rodagem para que aparassem aquelas arestas típicas de qualquer banda que está surgindo e encontrando seu som.

Após um hiato e profundas transformações, já que apenas o seu guitarrista fundador, Pedro Valença, permaneceu, o Pandemmy nos entregou no ano de 2016 o seu segundo álbum, ainda que apenas em versão digital. No ano seguinte, com o apoio da Sangue Frio Records e da Burn Distro, finalmente a versão física conheceu a luz do dia, acrescida de 2 faixas bônus. Aqui podemos observar uma banda que, apesar das turbulências vividas, maturou a sua sonoridade, que claro, possui todos aqueles elementos tradicionais do estilo, mas que ainda sim consegue não soar datada. Existe algo de atual na música dos recifenses. A velocidade não é a única aposta, e momentos mais cadenciados surgem de forma muito positiva, além de algumas boas melodias que pipocam aqui e ali. Isso deu uma variedade muito maior a música do grupo, evitando que a mesma se tornasse cansativa ou mesmo repetitiva. Como já dito, todos os elementos que esperamos de uma banda que trafega entre o Thrash e o Death se fazem presentes aqui. Os vocais odiosos, as guitarras pesadas e que nos presenteiam com bons riffs e solos de qualidade, e a parte rítmica técnica e diversificada.

Após uma introdução, “Circus of Tyrannies” chega com a força de uma explosão nuclear, devastando os tímpanos de quem estiver pela frente. Rápida e ríspida, se destaca pela força dos seus riffs e pela ótima parte rítmica. “State of War” mantêm o bom nível, mesclando bem velocidade e cadência. A cadência por sinal é o que dá o tom na ótima “7000 Days of Terror (and the New Attempt)”, que possui algumas boas melodias e um belo solo. “Almost Dead” se destaca não só pela velocidade um pouco maior, como também pelo peso e diversidade. “Rise of a New Strike” tem uma pegada mais tradicional, mas mostra boa técnica e muito peso.  “Inferno is Over” é densa, bruta e tem um ar bem sombrio e escuro. É quase Doom. Indo em uma direção oposta, “Stars of Decadence” aposta mais na velocidade, mesmo que tenha um ou outro momento mais cadenciado, e é muito agressiva. “Against the Perfect Humankind” é outra música que impõem respeito, dada a brutalidade e agressividade, e “No Reasons for Losses” encerra mesclando não só velocidade e cadência, como também possui boas melodias. De bônus, 2 covers, “Ecce Homo”, dos também pernambucanos do Decomposed God, onde não procuraram inventar, e “Nepenthe”, dos finlandeses do Sentenced, onde conseguiram dar uma cara toda própria a música.

O álbum teve toda a sua produção por conta de Júnior Supertramp, com coprodução dos guitarristas Pedro Valença e Guilherme Silva. O resultado é muito bom, soando bem orgânico e agressivo, mas você consegue escutar perfeitamente todos os instrumentos. Já a capa e toda parte gráfica forma obra do Deafbird Design Lab, e ficou realmente bem legal. De quebra, ainda tivemos as participações especias de Raphael Olmos em “Rise of a New Strike”, e de Amanda Lins e André Lira em “Nepenthe”, além do saudoso Fabiano Penna, que ao lado de Bruno Marques, foi responsável pelos arranjos da introdução de “No Reasons for Losses”. Mostrando uma maior maturidade e diversidade musical, além de conseguir agregar boas melodias a sua música, mas sem abrir mão do peso e da agressividade, o Pandemmy reforça o potencial mostrado no debut e se coloca a um passo de entrar no grupo dos grandes nomes do Death/Thrash nacional. Em tempo, após o lançamento, o vocalista Vinícius Amorim saiu da banda, e seu posto é hoje ocupado por Rayanna Torres.

Por Leadro Vianna.

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