Fazer Death/Thrash Metal nestas terras descobertas por Pedro Álvares Cabral em 1500 nunca foi algo muito simples. Sempre houveram as dificuldades inerentes ao underground e ao romantismo em exacerbar as tribulações que uma banda tem que passar por conta do descaso dos fãs. Mas o valor do trabalho de um grupo não está ligado a tantas penúrias, mas à criatividade de seus integrantes. E é muito bom ver que o PANDEMMY, de Recife (Pernambuco) não desiste e vem com tudo em “Rise of a New Strike”, seu álbum mais recente.
Na realidade, o disco é de 2016, mas somente agora chega em versão física, graças aos esforços da Sangue Frio Produções e da Burn Distro. E nele, se percebe que a banda evoluiu em relação a “Reflections & Rebellions” de 2013. A banda foge um pouco do padrão, sabendo adicionar passagens mais melodiosas em sua música, o que lhes confere personalidade. Óbvio que o quinteto ainda pode render bem mais, mas estão no caminho certo, e mesmo assim, já fazem um trabalho de ótimo nível.
Em termos de sonoridade, a produção de “Rise of a New Strike” é bem feita. Houve uma preocupação óbvia de fazer com que as composições sejam entendidas sem dificuldades, ou seja, soa limpo e com timbres escolhidos cirurgicamente. Mas nem por isso a agressividade está reduzida, nada disso: por estar limpo é que soa ainda mais bruto. E em termos de arte gráfica, ela ficou muito boa, com uma diagramação profissional, e a capa realmente mostra o que o disco tem em termos musicais.
A consensualidade entre o que foi feito em “Reflections & Rebellions” e “Rise of a New Strike” é óbvia, embora o tempo já tenha lapidado bastante o trabalho deles. Os arranjos fluem de forma mais espontânea, moldados pelas melodias que foram criadas, e sem falar que o instrumental melhorou bastante em termos de diversidade técnica. Ou seja, houve evolução, mas sem que o passado do grupo seja jogado fora.
Um dos aspectos mais legais do disco é a presença de contrastes entre partes brutais e mais trampadas (com aquelas levadas thrashers empolgantes), músicas cadenciadas e outras mais velozes, enfim, variações rítmicas. E a pancadaria incessante de “Circus of Tyrannies” (excelente trabalho de baixo e bateria, digamos de passagem), as passagens trampadas de “State of War”, a opressão pesada do ritmo cadenciado e sinuoso de “7000 Days of Terror (and the New Attempt)” (passagens melodiosas e introspectivas mostram a versatilidade das guitarras), a técnica Death/Thrash mais tradicional de “Rise of a New Strike” (os vocais encaixaram muito bem nesse ritmo mais lento e bruto), e a densa e bem trabalhada “No Reasons for Losses” são os melhores momentos do disco. Mas na versão física, estão presentes duas faixas extras: “Ecce Homo” (brutal e bem trabalhada) e “Nephente” (mas melodiosa, com muitas passagens com vocais operísticos), ambas com um jeitão mais evoluído, levando a crer que o quinteto ainda vai surpreender os fãs de Metal brasileiro (e mesmo os descrentes que só olham para a Europa e os EUA).
No mais, “Rise of a New Strike” nos mostra que o PANDEMMY tem tudo para se tornar um dos pilares do gênero por aqui. Ponho fé.
Por M. Garcia
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